viernes, 16 de julio de 2010

Amigo testado

Eu tinha proteção segura quando terminavam os anos setenta, não fiquei sem abrigo...
No trabalho já dava pisadas fortes... A empresa tinha três anos e eu fazia dois que trabalhava... Os colegas? Quase amigos... Quantos éramos? Vinte? Vinte e dois? Não sei, esqueci a quantidade, mas éramos uma turma com interesses comuns. Coisa rara de ver... Mas a mesma maneira da seleção fez que fosse assim... Gostávamos de Sui Generis, sofríamos com Charly, adorávamos a Serrat, discutíamos por Leon... Nito nos refugiava...
Os filmes, na época, tinham uma duração muito menor à original... Quando alguém conseguia um sem censurar era socializado... Assim pudemos assistir a “A laranja mecânica” o “Último tango em Paris” e tantos outros que estavam proibidos ou tristemente mutilados. O local do encontro era o quartinho da Rua Baunes...
À incerteza do exterior se opunham as vivências internas da turma... Criamos e fechamos laços...
Foram por Diego, agora está na casa da tia... Eu a levo menina...
Aonde ir?... Algumas roupas, uma mala... Pouca coisa para ele, sua mulher grávida e o menino de dois anos... Aonde ir?...
Tenho pouco, mas para sair alcança... Sair? Aonde?... Vocês não entendem? Têm que ir embora! Mas o que aconteceu?... Nós sabíamos quem foi e fizemos cartazes... Que coisa sabiam?... O Judas da Igreja foi Astiz... Astiz?... É, e quando a gente viu o policial pertinho tirou o bolso com os cartazes e correu... Você é irresponsável queridinho, e agora? Aonde ir?... Você cuide dela e do menino que eu... Cala a boca! Eu tenho um amigo. Vamos...
Jamais uma viagem foi tão longe...
Oi, como vai? Você vem sempre com amigos... Oi magrinho, podem ficar cá? É meu primo...
Olhada profunda, mirada de espanto...
Sim, mais terão que dormir no chão, sete ficarão esta noite... Eles amanhã à manhã irão embora, conseguirei alguma coisa. Vou procurar agora... Tá bem...
Quando voltei a vê-los os meninos tinham oito e cinco anos...
Por isso quando falo de meus amigos digo que Meu Amigo “O magro” é um amigo testado.
HM

3 comentarios:

  1. ¡Qué lo parió! Es el pasado que retumba... Dos mensajes atrás acabo de leer uno donde me preguntan si estoy dispuesto a responder un cuestionario de alguien que está estudiando la historia del Malena (si no sabés lo que es preguntale a ...) y anda buscando piolines sueltos... Y ahora esto. ¿Qué fue de estos chicos? Me acuerdo que les dí el poncho de vicuña de mi viejo para que abrigaran al nene, y nunca más me acordé de preguntrar por ellos...
    Seguiré masticando estre amigos probados...
    Un beso
    El flaquito

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  2. Hilda:
    Un relato que conmueve, y sensibiliza. Bravo!!!!!!
    Un beso, Julia S.

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  3. Bueno yo me estoy convirtiendo en tu fan, jejejej. Ese estilo desenfadado, alegre y profundo a la vez... simplemente me encanta.
    Argen

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